sábado, 28 de março de 2009

Carpe Diem.


Sinestesia talvez dominada, e é fato que todo mundo é de graça. A troca de anéis, o afago no cabelo, a ligação de feliz aniversario. O que gira ao seu redor são os gratuitamente amigos e amores. E a cada distancia percorrida alguns perdem algumas graças. Enxergue o palmo a sua frente, carregue o dom de ler o olhar no olho que a alma exala. Contraditorio porém, se entregar ao passo que bate pé no chão pra dizer que não vai. Mas também qual santo ser não é?
E foi com medo de dizer bom dia que a moça desceu do ônibus. Olhou para um lado, e olhou para o outro, pra se certificar, cautelosa, como sempre fora a partir de ontem. Vivia ludibriada com o dia pós dia. Mas como qualquer santo ser partiu o coração muitas vezes, talvez vezes demais.
Não usara salto alto desde então, nem mais um trago do cigarro, e tapava a boca e o nariz com as mãos para não inalar a fumaça da velocidade dos carros na cidade que pretendia em breve se mudar.
O guarda-chuva de prontidão na mão, mesmo sendo dia de calor e sol, a cautela que lhe dominara sem pudores. Os óculos que exageradamente cobriam boa parte do rosto por baixo do chapéu de grandes abas pra certificar que raio algum a partiria. A bolsa não pesava quase nada, pra que não acarretasse desvio na coluna que outrora sofrera com noites afora e transas inescrupulosas.
Bem analisando, ela nem precisaria mais dizer bom dia para as pessoas que conhecia, ninguém a reconheceria. Trocada do dia para a noite. Talvez pelo coração partido várias vezes, talvez vezes demais.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Todo Amor que Houver Nessa Vida - Cazuza

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Meu Mundo Ficaria Completo (Com Você) - Cássia Eller

Não é porque eu sujei a roupa bem agora que eu já estava saindo
Nem mesmo porque eu peguei o maior trânsito e acabei perdendo o
cinema
Não é porque não acho o papel onde anotei o telefone que eu tô precisando
Nem mesmo o dedo que eu cortei abrindo a lata e ainda continua sangrando
Não é porque fui mal na prova de geometria e periga d'eu repetir de ano
Nem mesmo o meu carro que parou de madrugada só por falta de gasolina
Não é por que tá muito frio, não é por que tá muito calor

O problema é que eu te amo
Não tenho dúvidas que com você daria certo
Juntos faríamos tantos planos
Com você o meu mundo ficaria completo
Eu vejo nossos filhos brincando
E depois cresceriam e nos dariam os netos

A fome que devora alguns milhões de brasileiros
Perto disso já não tem importância
A morte que nos toma a mãe insubstituível de repente dela, já nem me lembro
A derrota de 50 e a campanha de 70 pertem totalmente seu sentido
As datas, fatos e aniversariantes passam
Sem deixar o menor vestígio
Injúrias e promessas e mentiras e ofensas caem fora pelo outro ouvido
Roubaram a carteira com meus documentos
Aborrecimentos que eu já nem ligo
Não é por que eu quis e eu não fiz
Não é por que não fui
E eu não vou

O problema é que eu te amo
Não tenho dúvidas que eu queria estar mais perto
Juntos viveríamos por mil anos
por que o nosso mundo estaria completo
Eu vejo nossos filhos brincando com seus filhos
E depois nos trariam bisnetos

Não é porque eu sei que ela não virá que eu não veja a porta já se abrindo
E que eu não queira tê-la, mesmo que não tenha a mínima lógica nesse raciocínio
Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte
Para andar comigo
Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível
Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não é por isso que ela não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou

O problema é que eu te amo
Não tenha dúvidas pois isso não é mais secreto
Juntos morreríamos, pois nos amamos
E de nós o mundo ficaria deserto
Eu vejo nossos filhos lembrando
Com os seus filhos que já teriam seus netos

quarta-feira, 25 de março de 2009

É Nosso

Salve, salve Papagaios!!!

Ainda há salvação! São estes dias que você não espera nada, nem que o movimento do vento te dê o norte, és que surge alguém de uma hora pra outra o papagaiao David com um post de um dos mais criativos albuns dos últimos dias desta década (Só podia ser mesmo pra comemorar o aniversário da Fernanda) Simples como nome, Eddie, nos faz acreditar no simples como uma tarde sentado numa casa de reboco pra filosofar os acasos nossos. Carnaval no Inferno (2009) com seu "baile" remonta dias de descobertas e de firmeza do som universal nordestino, Ah "betinha" que deixa de ser única e se torna nosso sobrenome,o Próprio "caranaval no inferno" podia ser um medley de "Baião Instrumental " (Chico Science) que faria par ao mesmo. Você está convidado a "desiquilibrar" em vocais atrevessados e peculiares que ditam a linguaguem que me faz lembrar do Pessoal Do Ceará, me lembro a primeira vez de quando numa coletânea de Ednardo ouvi "enquanto engolmo a calça" e o engraçado é que a capa era um céu em cor acentuadamente amarelada, que relatividade boa ou seria só começo do universo descoberto? e a vontade de ouvir mais e mais e mais e então descubro "Ednardo e o Pessoal do Ceará" (1973) assim mesmo meio desprovido de delimitar um conceito, um nome. Pois é assim que no sertão nos fazemos do acaso. Deixo aqui este paradoxo amorosos papagiaos e firmo de novo o nosso som, pois quem um dia tomou banho de açude, bebeu da garapa no engenho e andou legua em terra tirana sabe que no fim de tudo o som que sai dessas obras vem do mais cantante carcará, do mais berrante vaqueiro da capoeira ou daqueles movimentos mais sutís das velas de um certo Mucuripe ou do bar mais remoto de Olinda.

Ah!! breve, breve, haverá mais vinho!!

Germano Gomes



Eddie - Carnaval No Inferno (2009)

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http://www.4shared.com/file/94876423/6dd42708/Eddie_-_Carnaval_no_Inferno.html













Ednardo E O Pessoal Do Ceará (1973)


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http://www.4shared.com/file/94884829/ac426828/ednardo-pessoal_do_ceara-1973.html

terça-feira, 24 de março de 2009

Let Go - Frou Frou

Drink up, baby down
Mmm, are you in or are you out
Leave your things behind
'cause it's all going off without you
Excuse me, too busy you're writing your tragedy
These mishaps
You bubble wrap
When you've no idea what you're like

So let go, jump in
Oh well, whatcha waiting for
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown
So let go, just get in
Oh, it's so amazing here
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown

It gains the more it gives
And then it rises with the fall
So hand me that remote
Can't you see that all that stuff's a sideshow

Such boundless pleasure
We've no time for later now
You can't await your own arrival
You've 20 seconds to comply

So let go, jump in
Oh well, whatcha waiting for
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown
So let go, just get in
Oh, it's so amazing here
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown

So let go, jump in
Oh well, whatcha waiting for
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown
So let go, just get in
Oh, it's so amazing here
It's alright
'cause there's beauty in the breakdown
'cause there's beauty in the breakdown

Tradução

Beba, de uma vez querido
Você está dentro ou está fora?
Deixe suas coisas para trás
Pois tudo está acabando sem você
Com licença, tão ocupado você está escrevendo sua tragédia..
Esses contratempos..
Sua bolha protetora
Quando você não tem idéia do que você é

Então, deixe ir, deixe ir
Pule dentro
Diga, o que está esperando?
Está tudo bem
Por que há beleza nos transtornos
Então deixe ir, sim deixe ir
Apenas entre dentro
Está tão maravilhoso aqui
Está tudo bem
Por que há beleza nos transtornos

Se ganha o quanto mais se dá,
E então se levanta com a queda,
Então me passe o controle..
Você não vê que tudo isso é uma apresentação?
Um prazer sem limites,
Não temos tempo pro atraso,
Agora você não pode esperar
Pela sua chegada
Você tem 20 segundos pra cumprir

Então, deixe ir, deixe ir
Pule dentre
Diga, o que está esperando?
Está tudo bem
Por que há beleza nos transtornos
Então deixe ir, sim deixe ir
Apenas entre dentro
Está tão maravilhoso aqui
Está tudo bem
Por que há beleza nas transtornos

segunda-feira, 23 de março de 2009

Não quero ter certeza

Coitado do incapaz de sentir medo. Coitado do incapaz de amar calado. Infeliz o incapaz de sentir receio. De sentir dúvida, de sofrer. Antes ter a certeza sofrida de amar alguém do que simplesmente querer alguém por querer. Sinto medo, sinto receio, sinto vontade, sinto o beijo. O beijo que não é meu. Mas sinto. Dizem: não sofra. Sofro sim. E continuarei sofrendo enquanto isso me pertencer. Não renego cada lágrima derramada, não renego cada aperto no peito, não renego cada suspiro. Pois isso me torna mais forte. Dizem que passa. Pois que passe. Mas enquanto não passar serei fiel ao meu sentimento. Pois ele é mais honesto que minha razão. Minha razão me engana. Pois ele me leva para a verdade que não quero ter. Quem não gosta de, pelo menos em alguns segundos, viver a utopia? Pois eu serei a utopia. A utopia que criei para mim, só para mim e mais ninguém. Não quero que entendam. Afinal como podem entender? Não quero que concordem. Vocês não podem concordar... Mas quero que um dia sintam, porque só assim vocês irão perceber, que não é a felicidade frívola e instantânea que fica. Mas sim a timidez de se render a um olhar. Não são promessas inúteis que nos dão esperança, mas sim a inutilidade das palavras ditas, ouvidas e sonhadas. Não faço questão de ter certeza que nunca terei. Prefiro mil vezes a dúvida de que um dia será meu. Nem que seja no fim. O fim do encontro, o fim dos olhares, o fim do cheiro, o fim... Porque é no fim que realmente nos damos conta do que realmente vale. É no fim que tudo faz sentido, que tudo se encaixa... Pois que venha o fim. Não o fim da vida. Mas o fim da certeza. Não quero ter certeza. A incerteza é mais bela, mais suave, mais generosa, mais bondosa. É o incerto que me faz levantar da cama, olhar as nuvens, pensar, sentir, rir e chorar.
Eu quero sentir medo. Medo de perder, medo de ganhar, medo de não saber cuidar. Pois só assim serei honesto ao que eu sinto. Só assim poderei, a cada segundo, te olhar nos olhos e dizer: eu sou seu. Me entregar. Pular de cabeça. Sem ter a menor idéia do que vai dar. Não importa o que pode acontecer daqui para frente. Não interessa mais. É simples assim...

Só de Sacanagem (Manifesto de Elisa Lucinda)

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo,

coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo,

com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,

então agora eu vou sacanear:

mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem!

Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.

Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.

Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.

Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.

Eu repito, ouviram? IMORTAL!

Sei que não dá para mudar o começo

mas, se a gente quiser,

vai dar para mudar o final!