sábado, 8 de agosto de 2009

O Centro

Uma noite, um show, amigos, uma caminhada à noite no centro da cidade. Músicas de congressos entoadas a todo pulmão em frente a um quartel. Na hora em que só os ratos e baratas urbanas escultam. E a caravana segue seu rumo, esquecendo tudo e por tudo esquecida. Muito do que você leu até agora não faz o menor sentido. Lógico que não vai fazer… Você não estava lá… Você não estava dentro da minha cabeça… Você não estava sob o efeito da cerveja gelada vendida a R$ 2,00 pelos alunos da UFC. Você não viu os rostos que eu vi, você não escultou as palavras que eu disse naquela noite, muito menos me disse palavras para eu escultar. Você não escutou o refrão, você não pulou ritmado junto a todas aquelas pessoas que estavam naquela praça. Você não voltou no tempo como eu voltei, a isso eu garanto... Voltei a ser quem eu era. O que eu tanto desejava aconteceu, com um olhar, com um cheiro de fumaça, com uma sexta-feira tão comum e inocente. Com os mesmos amigos de sempre, com a mesma música que já escultei tantas vezes… Mas tudo diferente, melhor, mais palpável, mais cheiroso. Eram só eu, a rua mal iluminada do Centro, a Catedral, alguns conhecidos, muitos outros desconhecidos e uma garrafa de cerveja em minhas mãos… Agora eu sei, que não importa o que aconteça daqui para frente, sempre terei certeza, que sempre vai existir uma caravana andando tarde da noite pelo centro da cidade. E que dentre esses seres errantes da noite sempre haverá alguém que vai se sentir como eu me senti. E sempre será entoado a todo pulmão: “Eu já falei, vou repetir / Eu já falei vou repetir…”

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Favores

A ideia de hoje foi te pedir um favor. Eu escolheria algum texto que gosto muito e você leria pra mim. Sem oi, sem tchau, sem coisas feitas ou a fazer. Nada de você, nada da sua vida. Nada que constate a sua existência independente. Apenas a sua voz. Esse é só um dos absurdos que passam pela minha cabeça quando me salta você no peito. Como se meu coração fosse uma dessas caixinhas surpresas e você o boneco de mola pra assustar crianças. Elas se assustam mas riem e abrem de novo e de novo. Acabei de ver Santiago, o documentário, e tive um acesso de choro daqueles. Ele escreveu sobre toda a aristocracia do mundo e isso arrasou comigo, amor. Arrasou. Ele era o garçom das festas, que você chorava. Uma pessoa que servia feliz a uma beleza triste. E no final, não sei se você viu o filme, mas ele quis contar algo pessoal e apressaram ele, cortaram, o que ele realmente queria dizer não tinha importância. E quase, quase quis te pedir um favor. Mais uma das minhas ideias. Pra você, por alguns minutos, só enquanto eu chorava demais, pra você fazer de conta que abismos não existem. E não existem mesmo, nesses segundos descabidos das horas que não entram no dia. Porque agora, nesse segundo que corri aqui pra te escrever, nesse momento não existe essa coisa de dia e de dois meses exatos. Existe só que vamos todos morrer então pra que mesmo o orgulho de sair ileso mais um dia. Mais um dia ileso. Como se não fosse cheios de feridas que raspamos com as costas das mãos as nossas roupas de guerra e dormimos em paz. Outro dia tive uma ideia. A cada doze dias, perto das onze horas da noite, eu chegaria sem dizer nada e você também não poderia dizer nada. E então a gente só ficaria se lambendo um pouco. E aqui não tem nada de erótico não, é bonito isso que eu quero dizer. E depois acabava mesmo. E a cada doze dias de novo. E isso seria um contrato já que meu doentinho daqui da cabeça quer tanto. Pro resto da vida. E tudo bem pra você, vai. Sim, seria um contrato, mas olha que maravilha os outros doze dias sem nada. E seria só por uma hora. Então, tudo bem. Acho que você assinaria. Hoje eu estava no estacionamento do aeroporto e fiquei seguindo as plaquinhas de saída e vi que é isso que faço melhor do que ninguém. São tantas as coisas que eu queria te falar e contar. E eu sigo fantasiando que você entende tudo e melhor que todo mundo. E isso acaba comigo mas, ao mesmo tempo, me tira um pouco da chatice burra e apática de sempre. E então, me vem a ideia de realmente te contar as coisas. E por isso escrevo. Porque se você entra aqui pra ler é você que, com todo o meu amor que você nem imagina, consegue sentir como sendo seu. E então é mesmo essa coisa maluca de eu me livrar do que eu nem sei se sinto pra você, sem nem saber se sente, sentir o que já estava aí esse tempo todo. A troca do absurdo. Nisso trocamos. O absurdo. Hoje eu perguntei a um amigo. Você era feliz com ela? E ele disse: eu era muito feliz com ela. E muito triste. Sem ela eu não sou nem uma coisa e nem outra. Eu sorri e disse pra ele: eu prefiro a vida assim. Ele disse: prefere mesmo? Eu disse, comendo um pão de queijo: não, não prefiro, mas pelo menos, assim, eu consigo estar aqui com você pesando mais de quarenta quilos. São, sei lá, duas e pouco da manhã. Passo boa parte de tudo sem doer, sem sentir tão forte. Às vezes nem parece que aconteceu. Mas o tempo todo, ainda, converso e te mostro tudo, o tempo todo. O tempo todo. O tempo todo. Não porque sou sozinha. Não porque era menos sozinha com você. Apenas porque apenas. Lê pra mim um texto. Com a luz apagada. Quando alguém liga eu fico cheia dos risinhos idiotas porque tiro sarro de quem tenta falar algo e não sai como sairia se fosse você. O maior elogio que eu poderia fazer a uma pessoa era dizer assim: gosto de você além da minha imaginação, não porque aprendi a gostar, mas porque por mais que eu sonhe, você é ainda melhor que o sonho. Você é além da minha capacidade em te imaginar. E eu jamais te diria isso. Não posso te fazer esse elogio. Mas olha, ainda assim, olha eu aqui de novo. Porque você não é melhor que a minha imaginação, você não é melhor que a minha esperança, você, pra falar a verdade, é bem ruinzinho. Mas é isso. Um filme com o maluco do fraque e das castanholas me emociona e pronto. O boneco salta da caixinha e espanca meu peito com cabeçadas duras e olhar macabro. A hora que não entra no dia. E eu mais uma vez preferindo não sair ilesa pra me sentir menos machucada. Você pode, a cada doze dias, ler um texto, a língua, brincar do não abismo, qualquer coisa, só ler, continuar assim, só ler, não me esquece, por favor. Eu nunca vou esquecer você. Eu não soube o que fazer com você, mas sei o que fazer com o não você. Isso eu sei fazer e faço bem. Lembrar que era terrível e incrível. Terrível, meu amor, como poucas (ou nenhuma) coisas foram. Mas absolutamente incrível.


Tati Bernardi

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Champagne Supernova - Oasis

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova
A champagne supernova in the sky

Wake up the dawn and ask her why
A dreamer dreams, she never dies
Wipe that tear away now from your eye

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the land slide
In a champagne supernova
A champagne supernova

'Cause people believe
That they're gonna get away for the summer
But you and I, we live and die
The world's still spinning around
We don't know why
Why, why, why, why

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?

Slowly walking down the hall
Faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?

Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova in the sky
Someday you will find me
Caught beneath the landslide
In a champagne supernova
A champagne supernova in the sky

'Cause people believe
That they're gonna get away for the summer
But you and I, we live and die
The world's still spinning around
We don't know why
Why, why, why, why

How many special people change?
How many lives are living strange?
Where were you while we were getting high?
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high
We were getting high

domingo, 2 de agosto de 2009

O Tempo - Móveis Coloniais de Acaju

A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim

Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer

O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Distante é devagar
Perto passa bem depressa assim

Pra mim, pra mim
Laiá, lalaiá

Se o tempo se abrir talvez
Entenda a razão de ser
De não querer sentar pra discutir
De fazer birra toda vez que peço tempo pra me ouvir
A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim

Eu que nunca discuti o amor
Não vejo como me render
Ah, será que o tempo tem tempo pra amar?
Ou só me quer tão só?
E então se tudo passa em branco eu vou pesar
A cor da minha angústia e no olhar
Saber que o tempo vai ter que esperar

E o tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim