segunda-feira, 4 de maio de 2009

Diálogo...

Hazel: Posso fazer uma pergunta boba?

Morte: Claro. Manda.

Hazel: É mais de uma pergunta. Olha... Hã... Por que a gente sofre? Por que a gente morre? Porque a vida não é boa o tempo todo? Por que não é justa?

Morte: Essas perguntas não são bobas, Hazel. Para alguns são as únicas perguntas que interessam.

Hazel: Então você não vai responder?

Morte: Claro que vou, mas é um assunto meio complexo e tem um monte de respostas. E as respostas não significam nada... Não são perguntas bobas, mas é como perguntar "Quando é púrpura?" ou "Por que terça-feira?", se é que você me entende...

Hazel: Não muito.

Morte: Bem. Eu acho que em parte tem a ver com contrastes. Luz e sombra. Se você nunca teve dias ruins, como vai saber se teve dias bons?
Mas em parte é apenas isto: Se você vai ser humano, tem um monte de coisas no pacote. Olhos, um coração. Dias e vida.
Mas são os momentos que iluminam tudo. O tempo que você não nota que está passando... É isso que faz o resto valer.

Hazel: Ahh... Eu tive um desses. Acho. Quer dizer. Talvez não fosse, mas poderia ter sido. Foi quando eu conheci a Foxglove. A gente estava vivendo em Nova York, em Greenwich Village. Eu queria que a gente nunca tivesse saído de Nova York. Eu não sei dirigir, por isso nunca vou a parte alguma em Los Angeles.
Bem, isso foi na época em que ainda morava na casa que explodiu, o que é outra história e até bem empolgante apesar de ficar meio estranha no fim. E no começo. E no meio também foi bem estranha, pensando melhor...
Enfim...
...E a gente sentou num muro e se abraçou. Então começamos a ouvir uma música vinda de um prédio do outro lado da rua.
Não era música gravada: era o som de gente tocando tambores de metal.
Eu estava tão feliz. Eu sabia que amava a Foxglove. E sabia que ela me amava. Fiquei tão transbordante de felicidade que achei que meu coração ia estourar!

Morte:
Que coisa bonita.

Hazel: Não muito... Embora eu também achasse isso até ano passado.

Morte: O que aconteceu?

Hazel: Bem, eu estava na cama com a Fox e perguntei: "Você lembra aqueles tambores de metal..."?
... E ela não lembrava. Não se lembrava de nada daquela noite, nem da banda, nem da conversa, nem dos beijos, nada.
Eu me senti...
...estranha
Antes disso, aquilo era nosso momento especial. Depois... Eu me senti esquisita, como se tivesse que tomar conta daquela noite. Como se tivesse de me lembrar dela, me preocupar com ela... Porque a Fox não lembrava mais. E ninguém mais sabia daquilo além de mim.

Era isso que estava tentando dizer, não? Acho que... A gente está preocupada demais em viver pra parar e perceber que está viva. Mas às vezes a gente faz isso. E é o que faz todo o resto valer a pena.
Ela está quase aqui não é? ...

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