domingo, 8 de março de 2009

Uma noite bem dormida!

Solidão gostosa, visceral, incansável, permissiva, impune, carinhosa, impulsiva, angustiante... Cobre-lhe com seu abraço afável, porém fugaz. Uma inquietude a acompanha como querendo atenção. Desejando um carinho que sentiu outra noite. Um carinho puro, infantil, simples, quase que sem querer. Mas que abalou tudo... Mudou tudo... Abriu as cortinas e deixou a luz do sol entrar, e um aroma de jasmim se fez sentir outra noite quando a lembrança voltou. A caminho da banca de jornal para comprar um cigarro.
Nada demais aconteceu. Nada que os olhos alheios e curiosos pudessem enxergar. Mas aconteceu. O inesperado aconteceu. Uma ligação foi feita. Amenidades foram ditas. E o convite foi feito. Dormiu como uma criança... E acordou mais criança ainda. Andou na chuva. Deixou-se molhar pelas gotas matutinas que caiam. Não se importou nem um pouco com as pessoas apressadas, as buzinas e o transito eufórico que se formava naquela manhã. Aquela manhã... Cinza, cheirosa, preguiçosa. E o caminho se fez até sua casa. Ele prestou atenção em cada detalhe, como uma criança que via o mundo pela primeira vez. Saboreando cada cor, cada forma, cada cheiro tão banal e tão comum que lhe era apresentado todo santo dia. Mas de que alguma forma se mostrava inteiramente novo, formidável.
Porém, poucos dias depois a solidão gostosa, visceral, incansável, permissiva, impune, carinhosa, impulsiva, angustiante se instalou em seus olhos mais uma vez. Ficou esperando a ligação, as amenidades, o convite... Mas nada aconteceu... Então ele fecha os olhos e lembra da voz, do cheiro, do gosto dela...
E a cortina se abre de novo deixando o sol entrar...

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