segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Palavras...

Porque só no fim nós valorizamos as coisas boas que aconteceram em nossas vidas? As despedidas sempre tiveram um gosto mais doce do que os encontros. Pelo menos para mim. Talvez seja por conta do fim de ciclo. Ou talvez seja pela incapacidade de me sentir parte de algo... É tenho que confessar! Nunca me senti pleno em ocasião alguma! Sempre me faltou algo. Nunca soube dizer o quê. Mas sempre me senti num sofá, assistindo um filme que algumas vezes se mostrava uma comédia, outras um drama e isso sempre me trouxe uma certa inquietação, que ao longo dos anos fui aprendendo a camuflar. Às vezes pro outros, às vezes para eu mesmo. No entanto nunca me vi livre, não desse sentimento, do sentimento de falta... De uma saudade de algo que nunca vi, nunca conheci... É certo dizer que tal sentimento assola várias pessoas nos dias de hoje. Concordo plenamente com isso! Mas, pelo menos todas as pessoas que me foram apresentadas e que pude identificar tal sentimento, sempre se “curavam”. Talvez por comodismo, ou quem sabe por realmente encontrarem o que lhes faltava. Independente disso, sempre fiquei a margem de tal solução. E a cada dia que passa vou percebendo que talvez não seja esse o meu destino.
Apesar disso tudo não posso reclamar da minha vida, realmente não posso ser tão ingrato assim. Afinal vivo numa condição boa... Ótima família, saúde, não passo por necessidades financeiras, pelo menos não aquelas desesperadoras. No entanto minha necessidade se manifesta na incapacidade de ser feliz, feliz de fato, e quando penso nisso fico ainda pior! Talvez eu realmente seja um ingrato! Entendam! Claro que tive MOMENTOS felizes, porém como disse, foram momentos, e quando penso neles nem posso afirma certeiramente se realmente de fato foram felizes. Lembro apenas de uma ocasião que com certeza me senti completo. Tinha sete anos, e estava na casa de minha avó materna. De repente, no início da tarde começa a chover. Corri para rua e deixei-me molhar. Apesar da chuva forte, as nuvens deixavam passar os feixes de luz do Sol e enquanto as gotas batiam em meu rosto, me senti seguro, senti que fazia parte de algo. Sentimento que nunca mais experimentei.
Tenho bons amigos. Tive bons amores. Porém nem esses me serviram para curar minha solidão. Não uma solidão material. Mesmo ao redor de todos os meus afetos ainda me sinto só... Como se eu não estive lá, ou como se eles não estivessem lá. Carência? Talvez! Não me nego mais a vergonha de conclusões, no entanto já me neguei a tempos tentar achar alguma condição que destrua esse sentimento da mesma maneira que ele me destrói. Minha vida é um filme cujo meu papel é de mero observador que teve o controle remoto negado.
Talvez meu erro seja esperar algo que não exista. Esperar algo que as pessoas que conheço não possam me dar! De esperar algo das pessoas que ainda nem conheci. De esperar um amor que me ame da mesma maneira que a amarei! Talvez... Afinal quantas vezes estendi a mão para aqueles que precisaram, mas enquanto eu me afundo ninguém sequer escuta minha angústia. Angústia que já existe há muito tempo, e simplesmente não passa. Uma dor que se aprende a conviver. E que com o passar do tempo já faz parte de você. Nem me imagino mais livre dela... Livre disso tudo... Livre... É tão verdade que os poucos que se deram trabalho de lerem até aqui, simplesmente esquecerão cada palavra, cada frase, cada lágrima deste texto. Afinal é como disse, são palavras. São apenas palavras... É como “eu te amo”. Simplesmente uma frase. Somente isso. Queremos muito ouvir isso, não é? Mas será que somos capazes de compreender o que está por trás das palavras?
Realmente é só no fim que nós valorizamos as coisas boas que aconteceram em nossas vidas...

Um comentário:

  1. Rafa, meu caro, amores não curam. Nem solidão, nem nossas angústias, nem nada. Ao contrário, dilaceram. Esse é o grande prazer da vida. Passar por ela nos dilacerando. Precisamos de mais banhos de chuva, de nos encontrarmos com nós mesmos e de ter a confiança de que nossa solidão nos basta.

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