domingo, 18 de outubro de 2009

Biografia de uma despedida

Depois que você desligou o telefone me recordei da noite que você foi embora. Não sei se era pelo fato da certeza que eu tinha que nunca mais ia te ver, mas não me recordava de te ver tão linda como naquela noite.

Passamos o fim de tarde de sábado como sempre passávamos. Abraçados na grama da Praça Verde lendo o mesmo livro, depois subimos para o café e ambos pedimos um cappuccino, conversamos sobre coisas corriqueiras, talvez por medo de falar sobre sua partida. Pagamos a conta e fomos dar uma última volta. Apesar de não falarmos sobre o assunto você parecia empolgada com a viagem, já eu estava meio distante, pensando a respeito e ao mesmo tempo não querendo pensar sobre.

Paramos em frente a uma barraca de artesanato, você olhou algumas pulseiras e escolheu duas idênticas, azuis com o símbolo do infinito feito de metal prateado. Quando olhei você estendia a pulseira.

- Promete que nunca vai tirar do braço?

- Prometo.

Pagamos e nos dirigimos ao carro. Quando chegamos à sua casa, ajudei você a terminar as malas que faltavam. Colocamos na sala para facilitar. Você foi tomar banho enquanto eu fazia seu prato preferido, carbonara.

- Vou sentir falta de você cozinhando para mim.
Foi a primeira vez que você pareceu triste naquela dia.

- Sério Rapha, por que você não vai comigo?

- Amanda, já conversamos. Esse é seu plano não é meu. Não posso simplesmente largar tudo assim. Você já se prepara a tempos para isso. Eu não.

- É eu sei... Vou sentir muita falta... Da gente, desse último ano...

- Eu também, não duvide disso.

Depois que terminamos de comer, lavei os pratos enquanto você terminava de se arrumar. Pedimos o taxi para o aeroporto, fomos o caminho inteiro calados. Descemos. Acompanhei você até o Check-in. Depois até o embarque.
Foi quando você falou à frase que eu passei um ano esperando escutar.

- Eu te amo!

- Eu também te amo!

Rapidamente, você pegou sua mala de mão e se virou como se estivesse tentando evitar a despedida. E eu fiquei ali parado olhando você entrar na área de embarque. Sei que mesmo depois que você entrou ainda fiquei algum tempo lá parado, esperando, desejando que você mudasse de idéia e voltasse. Mas você não voltou. E como combinado, ambos nos mantemos distantes. Durante dois anos.

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